A primeira de nossas curadoras
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O nome dela é Fernanda Kolming
Publicado em 03 de janeiro de 2022
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
rinsantos@jornaldodiase.com.br
Apenas meia dúzia de sergipanos frequentam as galerias de artes de Aracaju. Todos se conhecem, chamam uns aos outros por diminutivos e apelidos carinhosos. Artistas e adjacentes são como os sócios de um clube de elite. Não espanta, portanto, a carestia de profissionais especializados na delicada tarefa de investigar os propósitos da criação, a fim de erguer uma ponte até o populacho.
A cidade é um ovo. O mercado de artes visuais, menor ainda. Assim, somente a paixão pode explicar a missão abraçada por Fernanda Kolming. Hoje, até prova em contrário, ela é das poucas profissionais com o potencial de encarnar um vórtice, um necessário ponto de convergência, capaz de conciliar os conflitos derivados do comércio puro e simples com a expressão mais singular da autenticidade. Anos de estudo e acesso privilegiado aos ateliês onde se pinta o sete escreveram a sua sorte.
Eis a primeira de nossas curadoras com sensibilidade para fincar os pés na aldeia sem perder de vista as urgências do tempo presente. Fernanda não é uma estranha no ninho, acompanha o trabalho de Fábio Sampaio há mais de uma década, além de já ter promovido diversas mostras e projetos coletivos. Somente agora, no entanto, ela assumiu o risco de lançar luz sobre um artista ainda em vias de se consagrar e ser acolhido pelos seus pares – um impulso celebrado por esta página.
Para mim, Nino Karvan é um excelente cantor e compositor com algum pendor para melar as telas com resultados mais ou menos promissores. Mas Fernanda vislumbrou algo que me escapa em seu trabalho, apostou todas as vogais e consoantes da própria assinatura no valor de tantas cores. A conferir. Se ela estiver certa, ele há de furar a tal bolha e se tornar habitué do cubo branco, arroz de festa nos vernissages.
A individual ‘Recortes do inconsciente’, do multiartista Nino Karvan, estará aberta a visitação de 06 a 30 de janeiro, no recém inaugurado espaço Alquimia (bairro Salgado Filho). A curadoria é assinada por ela, Fernanda Kolming, a feliz esperança de um ambiente artístico mais plural e mais democrático.