Território de ilusões

Rian Santos

riansantos@jornaldodiase.com.br

 

Apalpo Jeová Santana. Não o autor em pessoa, homem de carne e osso. Mas a ideia resumida em sua assinatura, reunida em bibliografia. Espalmo o edifício intocável de palavras, persigo sugestões e som, o acento de cada sílaba, o ritmo, a sua música. Percebo, uma vez mais, enfim, engenho e arte, a argamassa da narrativa.

Tenho em mãos o primeiro livro de Jeová, em segunda edição, publicado quase trinta anos depois do lançamento original, ano passado. ‘Dentro da casca’ é uma coleção de contos breves e incisivos. Prefácio de Maria Lúcia Dal Farra. Prosa de lâmina afiada.

O cuidado com a linguagem salta à vista, por assim dizer. Não há uma vírgula fora de lugar, desnecessária. Jeová, o contista, se atém à essência de cada história contada. O narrador fala sempre em primeira pessoa. Mas nunca está sozinho, nunca fala às paredes.

A opção pelo monólogo faz pensar em um autor centrado no próprio umbigo. Ledo engano. No “eu” do conto, ele concebe a própria humanidade. Nós todos, homens e mulheres, um mundo inteiro de gente diferente, cabemos no “eu” subjetivo de um poeta.

Esta semana, dia 11, Jeová Santana lança um novo livro de contos.’Rasuras do imaginário’, aliás,  é anunciado com um belo excerto confessional, sob o pretexto de uma síntese necessária, o resumo da ópera:

“Não deixa de ser, contudo, uma bela forma de levantar o moral desse meu representante do que melhor li, até agora, nesse território de ilusões chamado literatura”.

 

Jeová Santana autografa ‘Rasuras do imaginário’:

11 de novembro, às 19 horas, no Mini Golf Bar & Acepipes.